O amor e suas delicadezas

“Sou mãe sozinha de um bebê de quase 6 meses. Percebi minha necessidade em enquadrar o comportamento dele em alguma das fases típicas do seu desenvolvimento. Não que elas não existam. Acredito sim que existem períodos críticos em que nossos bebês precisam de mais atenção. Mas fui, mais uma vez, no fundo do meu lodo, da minha lama, pra descobrir por que a carência dele me incomodava tanto.

Cresci no meio de exemplos de mulheres que não eram amadas. E que não se deixavam amar. Não podia. Mulher tem que ser forte, até mesmo as crianças, viu Heloisa? Não deve chorar com medo de pesadelo e nem pelo machucado que sangra pele a fora. Aí virei mãe. Tentei reproduzir o padrão já estabelecido e tão arraigado da super mãe que não reclama, que dá conta de tudo (mesmo não dando), que não chora (mesmo chorando no banho, pra confundir lágrima com água, sabe?), que ama a cria 24h por dia, 365 dias no ano, que se doa incansavelmente. Convenhamos: isso existe? Até eu não gosto de mim mesma em determinados momentos da vida! Senti-me culpada por querer estar só, por ter que amamenta-lo, enquanto a minha vontade era sair correndo.

Revoltei-me por ser mulher e ter que me ajustar nesse padrão de que mãe doa amor ao filho e esqueci-me de ver que ele também me ama.

Aquarela de Irene Olid Gonzalez

Me ama quando estende seus bracinhos pedindo colo, me ama quando faz bico pedindo colo, me ama quando vira os olhinhos como quem diz: “esse leite é gostoso demais, mãe!”, me ama quando acorda escancarando um sorriso que ilumina mais que o Sol. Ele me alimenta do mais puro amor. Ele me dá colo. Enxuga minhas lágrimas quando me vê chorando. Eu me abri pro amor.

Deixei pra trás a carga carregada pelas minhas ancestrais. Ficou lá no passado.
Eu também mereço ser amada. E você também.”


Texto pela querida Isa Rebello

Publicado por Nathalie Gingold

Olá! Me chamam de Nathalie, sou alegre e forte, borboleteio de lá pra cá e em cada voo descubro uma nova semente, que as vezes vira flor, as vezes árvore, as vezes alimento. Busco me conhecer e também transmitir todo o conhecimento que me é oferecido. Fluir, amar e seguir, sempre em frente, na luz, seja da lua, seja do sol. Gosto dos olhares e seus enigmas Gosto das mãos e sua força. Gosto do gozo e sua sinceridade. Gratidão!

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